Cientistas que conseguirem 'atrasar' o relógio biológico em até 20 anos receberão US$ 101 milhões. A 11ª. edição do Aging Research Drug Discovery (ARDD 2024), encontro que reúne a nata dos cientistas que investigam questões relacionadas ao envelhecimento, foi realizada no fim de agosto num clima quase festivo. Tudo porque, no fim do ano passado, a XPrize, organização fundada por Peter Diamandis – que levanta fundos e promove competições voltadas para a criação de novas tecnologias – havia anunciado um prêmio global de US$ 101 milhões (o equivalente a R$ 565 milhões), o maior já oferecido, para soluções capazes de deter o envelhecimento.
Idosas em museu: com o envelhecimento, o organismo vai perdendo a capacidade de se defender
Mariza Tavares
No XPrize Healthspan, os participantes terão que provar, até 2030, que seus projetos conseguem “atrasar” o relógio biológico em pelo menos uma década, numa das três áreas: cognição, imunidade e função muscular. A intenção, declarou Diamandis na época, não é reverter o envelhecimento, e sim restaurar as funções prejudicadas com a passagem do tempo.
Para vencer a competição, os cientistas devem desenvolver uma terapia acessível que consiga diminuir entre 10% e 20% a idade biológica, ou seja, a do organismo de pessoas saudáveis na faixa entre 65 e 80 anos. Em 2025, cada uma das 40 equipes selecionadas embolsará US$ 250 mil; daqui a no máximo quatro anos, as dez mais promissoras ganharão US$ 1 milhão, deixando os US$ 81 milhões restantes para o vencedor que será anunciado em 2030. O time que demonstrar uma redução de 20 anos ficará com o valor integral do prêmio; um incremento de 15 anos faturará US$ 71 milhões; e uma diminuição de dez anos receberá US$ 61 milhões.
No ARDD 2024, George Kuchel, professor de geriatria e gerontologia e diretor do UConn Center on Aging, citou alguns dos trabalhos que estão sendo realizados na Universidade de Connecticut. O primeiro consiste em testes em idosos com a rapamicina, droga que, em cobaias, leva a uma melhora em diversas condições ligadas à velhice, como perda de mobilidade e disfunção cardíaca. O outro é a utilização da metformina, usada há décadas para controlar o diabetes, em vacinas para aumentar a imunidade dos mais velhos.
Nas apresentações, um assunto recorrente foi o papel do sistema imunológico no processo do envelhecimento. Com a idade, conforme o organismo vai perdendo a capacidade de se defender, a saúde se deteriora, resultando na chamada síndrome geriátrica, que engloba um leque de doenças.
“O timo, responsável pela capacitação dos linfócitos T (as células do sistema imunológico que comandam nossas defesas), vai sendo substituído por tecido adiposo (gordura). Por volta dos 50, 55 anos, definha a ponto de praticamente não existir. Passamos a contar apenas com as células produzidas na infância e a aptidão de defesa cai drasticamente. Com esse quadro, não faz sentido falar em busca pela imortalidade”, ironizou Eric Verdin, presidente do Buck Institute, dedicado à biologia do envelhecimento. Sua abordagem privilegia a adoção de hábitos saudáveis como uma política pública dos governos. Como costuma dizer, “o código postal é um preditor de longevidade. As pessoas vivem mais onde há lugares para se exercitar e oferta de alimentos de qualidade”.
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