Corais formados por pessoas com demência melhoram sua qualidade de vida
23/07/2024
Memória musical é a última que se apaga e a atividade também traz momentos de relaxamento para os cuidadores Toda quinta-feira, no começo da tarde, um grupo se reúne na cidadezinha texana de Pantego para cantar: é o Musical Memory Singers (Cantores de Memórias Musicais). A atividade foi inspirada no Giving Voices Chorus (Dando um coro às vozes), de Minneapolis, no estado norte-americano de Minnesota. As duas iniciativas têm, em comum, o fato de terem sido criadas para pessoas com demência, ou dificuldades de memória, e seus cuidadores, familiares ou não – o que mostra que boas ações podem ser contagiantes. Não haveria melhor história para encerrar a série iniciada semana passada.
Giving Voice Chorus: coral com pessoas com demência e seus acompanhantes inspirou ações semelhantes
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O alcance dessas iniciativas é grande. Em primeiro lugar, a memória musical é a última que se apaga, até em estágios avançados de demência. Por isso, a musicoterapia é uma abordagem não medicamentosa que melhora a qualidade de vida e pode retardar o declínio cognitivo. Os encontros envolvem ainda a possibilidade de, mesmo com limitações, se conectar socialmente. Para os cuidadores, é um “respiro” prazeroso que serve para recarregar as baterias.
Embora, nos dois casos, não haja necessidade de nenhuma experiência, há uma estrutura profissional por trás das atividades: Jolene Webster, professora da Universidade do Texas em Arlington, é diretora artística do Musical Memory Singers. Joey Clark, diretor do Giving Voice Chorus, é assertivo: “a criatividade é a última coisa que nos abandona. Portanto, dar uma chave para acessar essa área do cérebro nos últimos anos de vida é algo poderoso”. Atualmente, já há cinco corais semelhantes na área das cidades de Minneapolis e Saint Paul, que são vizinhas.
Musical Memory Singers: grupo se reúne semanalmente
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Emily Pearl e sua mãe, Kaye, participam do grupo desde 2018. Kaye, que hoje praticamente não se comunica verbalmente, por causa de uma afasia, foi pianista e clarinetista. “Mamãe conseguia tocar um concerto inteiro sem olhar a partitura. Fica claro que, embora muitas lembranças tenham sido afetadas, isso não ocorreu com a memória musical. Ela não canta mais, mas acompanha as músicas com o movimento da cabeça e, se eu erro, me dá uma leve cotovelada”.
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